Hoje, não vou escrever nada (além disso que estou escrevendo). Encontro nas palavras de Cecília Meireles o grito que não consigo dar:
Despedida
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...) Quero solidão.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Sobre o amor e o fim
O que une duas pessoas? Essa pergunta tem muitas respostas possíveis, nenhuma absoluta ou definitiva. Talvez eu saiba falar melhor de outra questão, não necessariamente oposta mas relacionada ao seu extremo negativo: quando o amor acaba? Seu fim pode ser insidioso e fatal e suas pistas são quase sempre ignoradas. Entre mil pequenas coisas, tem a ver com o olhar, ou com a falta dele. Você não vê e nem é mais visto pelo outro. Ele muda, adquire novas expressões, adota um novo estilo, e você também. Nada é percebido, e quando o é, torna-se uma acusação de "as coisas não são mais como antes". O "antes" vira assunto frequente, porque no passado vocês supostamente eram perfeitos um para o outro e o "hoje" parece uma imagem especular distorcida do incrível casal que pensava-se ser. Além disso, há pressa, muita pressa. Pressa pra falar, pra desligar o telefone, pra ir embora. As perguntas são feitas mais de uma vez pois as respostas são sempre esquecidas. Dizer eu te amo se torna uma obrigação para evitar brigas ou contornar velhas mágoas. Depois de um tempo, por fim, não faz mais diferença. O que é dito, o que não é. Tanto faz. Um dia você acorda, e percebe que o amor morreu, pois tropeça nele, como um cadáver no meio da sala, se decompondo e clamando pelo seu enterro. Desde quando ele está lá?, você se pergunta.Talvez dias, meses e até anos...
Felizmente, pode ser tudo um engano. Talvez se espere demais disso que chamam de amor. Um dia, ouvi de uma pessoa que considero uma das mais inteligentes e sensatas que conheço, a seguinte sentença: " Nada mais histérico que viver na fantasia de uma relação perfeita". Questionei-me se fazemos isso. Se faço isso. Não gostaria de vestir essa carapuça, ela não combina com minhas sandálias de dedo e nem com minha imagem de bem-resolvida. Não sei. O que penso que sei é que se o amor é uma sorte e o fim é inevitável, no fim de tudo, no meio da noite, só a terrível pergunta ecoa: Valeu a pena?

This work by Amanda Cristina da Silva Ferreira is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported License.
Felizmente, pode ser tudo um engano. Talvez se espere demais disso que chamam de amor. Um dia, ouvi de uma pessoa que considero uma das mais inteligentes e sensatas que conheço, a seguinte sentença: " Nada mais histérico que viver na fantasia de uma relação perfeita". Questionei-me se fazemos isso. Se faço isso. Não gostaria de vestir essa carapuça, ela não combina com minhas sandálias de dedo e nem com minha imagem de bem-resolvida. Não sei. O que penso que sei é que se o amor é uma sorte e o fim é inevitável, no fim de tudo, no meio da noite, só a terrível pergunta ecoa: Valeu a pena?

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