sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sobre o amor e o fim

O que une duas pessoas? Essa pergunta tem muitas respostas possíveis, nenhuma absoluta ou definitiva. Talvez eu saiba falar melhor de outra questão, não necessariamente oposta mas relacionada ao seu extremo negativo: quando o amor acaba? Seu fim pode ser insidioso e fatal e suas pistas são quase sempre ignoradas. Entre mil pequenas coisas, tem a ver com o olhar, ou com a falta dele. Você não vê e nem é mais visto pelo outro. Ele muda, adquire novas expressões, adota um novo estilo, e você também. Nada é percebido, e quando o é, torna-se uma acusação de "as coisas não são mais como antes". O "antes" vira assunto frequente, porque no passado vocês supostamente eram perfeitos um para o outro e o "hoje" parece uma imagem especular distorcida do incrível casal que pensava-se ser. Além disso, há pressa, muita pressa. Pressa pra falar, pra desligar o telefone, pra ir embora. As perguntas são feitas mais de uma vez pois as respostas são sempre esquecidas. Dizer eu te amo se torna uma obrigação para evitar brigas ou contornar velhas mágoas. Depois de um tempo, por fim, não faz mais diferença. O que é dito, o que não é. Tanto faz. Um dia você acorda, e percebe que o amor morreu, pois tropeça nele, como um cadáver no meio da sala, se decompondo e clamando pelo seu enterro. Desde quando ele está lá?, você se pergunta.Talvez dias, meses e até anos...
Felizmente, pode ser tudo um engano. Talvez se espere demais disso que chamam de amor. Um dia, ouvi de uma pessoa que considero uma das mais inteligentes e sensatas que conheço, a seguinte sentença: " Nada mais histérico que viver na fantasia de uma relação perfeita". Questionei-me se fazemos isso. Se faço isso. Não gostaria de vestir essa carapuça, ela não combina com minhas sandálias de dedo e nem com minha imagem de bem-resolvida. Não sei. O que penso que sei é que se o amor é uma sorte e o fim é inevitável, no fim de tudo, no meio da noite, só a terrível pergunta ecoa: Valeu a pena?

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