Acorda. Seus olhos ainda semicerrados se dão conta de onde
está. Quer desaparecer no sonho, mas a noite é curta demais. Levanta-se. Não
quer deitar, não quer estar de pé. Não há mais desejo em seu mundo, nem chama
em seus olhos. Respira, porque não tem escolha. E se lembra de que sempre temos
escolha, então se respira é porque ainda tem esperança. Que o desejo volte, que
o dia passe, que o tempo mate. Escuta os ruídos suaves da manhã que ainda não
nasceu. Prefere a madrugada. Nela o seu silêncio é legítimo, o mundo está
calado, é autorizado não dizer nada, não tentar ser feliz, só existir. E esse
aperto na garganta? Ela engolirá a palavra, mais uma vez, pelo bem de não sei o quê, pelo
proveito de algo que não entende. Está só. Sai e caminha pela rua meio escura,
meio iluminada. Busca o vazio no qual encontre seu eco. Não faz sol, não é
noite, é nuvem, é nublado, é brisa de manhã que não chegou. Nesse breve
momento, ela é feliz. Mas o dia nasce, a tarde chega, a noite cai. E mais um
dia se passa, entre listas de afazeres e lágrimas de saudades. E amanhã começa
tudo de novo, a despeito do único desejo absurdo que sobrevive no desespero das
horas seguintes: voltar no tempo.
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E eu só queria te colocar no colo e dizer que vai passar... que um dia vai passar...
ResponderExcluirpor favor, pasa esto al español porque es precioso y el google me lo puede estropear...
ResponderExcluirme voy ya a la cama, descansa mucho (L)