Roubaram meus sonhos
Eu durmo em repetição de dias passados
Eram partes de mim
Mesmo que eu não desse valor
Eram minhas, e acabou.
Levaram coisas do meu quarto
Abriram meu armário
E feridas no meu orgulho
E pobre, e pouco, e patético
Ele continuou de pé, cambaleando.
Na próxima, ele jurou, eles vão ver.
E veio a próxima.
Nada mudou
Ouviram minhas preces,
Minhas juras, meus dilemas
E saíram na calada da noite
Sem dizer palavra ou enquanto eu dormia
E em silêncio, eu chorei
E recolhi as lágrimas e uma flor amassada no chão.
Assim eu quis
Ir embora, abrir feridas, roubar sonhos, levar coisas
Não precisava
No meu espelho, o algoz,
Nas minhas cartas anônimas, o assassino
E na face triste, o olhar de quem se perdeu
Porque não tinha motivo pra se encontrar.

Esta obra de Amanda Cristina da Silva Ferreira, foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.