sábado, 9 de julho de 2011

Na face triste, a dolorosa beleza do humano

Queria saber fazer da minha tristeza arte. Algo útil, que trouxesse beleza, que oferecesse amparo, um colo quente para se encostar. Mas ela é só destruição. Me consome, desfaz os laços, produz o isolamento. Ah, poetas que transformam a lágrima em palavra, em imensidão no peito de quem lê, eu só posso invejá-los e consumí-los. Eu só sei escrever sobre mim e não sobre o mundo, esse mundo estranho e desconcertante, para ele, minhas rimas são vazias. E, às vezes, no meu coração brota uma inclinação para esse campo aberto que me arrebata; e passo minutos inteiros observando um cão que se coça, um casal que anda de mãos dadas mas não se fala, nem se olha, uma mosca grudada na janela do ônibus... Depois passa, me afundo na minha mente e seus problemas mesquinhos. Mas, só, só naqueles minutos absortos que eu sinto: isto é viver, e eu estou viva. Mesmo que por acaso, mesmo que sem querer...

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